Como criar um negócio de moda orientado para a sustentabilidade, por CORA

Negócios de moda que sejam bons para as pessoas e para o planeta não contam com muitos manuais de “como fazer”. Ainda aparecem pouco nas universidades, muito centradas no design de produto. Ou talvez porque, longe de terem fórmulas replicáveis ou de serem baseados em uma promessa de crescimento rápido, representam um compromisso. Para quem está à frente dessas marcas, tudo precisa ser construído aos poucos, levando em conta o contexto e fazendo revisões frequentes de rota. Sustentabilidade é um conceito ideal, cuja busca é cheia de tentativas.

Para desviar dos modelos tradicionais, baseados em uma lógica linear (de exploração da natureza e da força de trabalho), precisamos construir empresas que floresçam com responsabilidade. Uma das chaves para essa virada narrativa está em construir novas respostas para antigos problemas.

Antes de seguir, uma breve apresentação: somos a CORA. Por meio de consultorias, construímos caminhos de transição para o mercado da moda. Queremos que antigas formas de produzir, consumir e gerir negócios focados no vestir fiquem para trás. E que, no lugar delas, a indústria da moda seja reconstruída sobre bases mais éticas. Criamos nosso negócio porque acreditamos em muitas coisas. Uma delas é que, se cada empresa for uma comunidade transformadora, a vida de muita gente pode melhorar.

Depois de um ano e meio atuando com empresas em diferentes estágios, podemos dizer: há espaço para refazer as formas de trabalhar na moda e de agir sobre o mundo. Pense aí com seus botões: você não tem se questionado sobre o consumo de roupas nos últimos tempos? Temos sido ensinadas (nós e toda a sociedade que se construiu a partir de uma lógica capitalista) a consumir por impulso, desconsiderando o que está por trás da mercadoria – assim se fez o fast-fashion. Essas reflexões impactaram a forma de comprar e, também, de desenhar novas empresas.

Assim como a Roupateca, existem muitas empresas preocupadas em fazer diferente apesar da força do sistema da moda tradicional. Os pequenos negócios, em especial, estão se abrindo à revisão. Mas também aqueles com operações complexas, que precisam mudar tudo: desde comunicação até a produção, passando por cultura e gestão. Empresas têm se proposto a repensar o velho hábito de manter as coisas como estão. Diante de um desejo por outra economia (que regenera e cuida das pessoas e do planeta), dá para colocar a mão na massa e construir alternativas. Quer ver como?

Vale lembrar: negócios de moda sozinhos não são capazes de solucionar problemas estruturais da sociedade. Mas podem gerar pequenas revoluções, sempre valiosas em tempos de reconstruir o presente e o futuro. Para dar um incentivo a quem quer fazer diferente, trouxemos uma lista de 5 dicas para criar (ou repensar) seu negócio de moda, orientando-o para a sustentabilidade e para a ética:

1. Faça uma reflexão sobre seus motivos para empreender: o mundo já está cheio de produtos – e, em especial, roupas e sapatos. Mais do que usar seu negócio para viabilizar coleções ou reproduzir tendências, pense no que sua moda pode sustentar: trabalho, diversidade, equidade de gênero, apoio a comunidades, por exemplo. O projeto #NossaModaSustenta, do Lab Moda, propõe diversos caminhos.

2. Conecte sua empresa a um lugar e às pessoas que vivem nele: a vida anda bastante virtual e, graças ao e-commerce, as fronteiras estão bem menos presentes na moda. Mas valorizar a produção local é importante para garantir processos de trabalho justos e ajudar a comunidade local a prosperar.

3. Crie uma empresa voltada ao bem-estar: não adianta ter um discurso de sustentabilidade e reproduzir práticas de trabalho que fazem mal às pessoas ou são pautadas pelo crescimento desenfreado do negócio. Respeite o tempo das pessoas e produza o que é necessário para ter um negócio saudável (que tal adotar um modelo de pré-venda e só produzir o que vai, de fato, vender?).

4. Mais serviço, menos produto: dá para trabalhar com vestuário sem focar no desenvolvimento de muitas peças. Modelos de negócios orientados pela economia circular, como um guarda-roupa compartilhado, estão aí para provar que verbos como alugar, trocar e reformar estão ganhando força no vocabulário da moda.

5. Construa uma rede de impacto positivo: procure pessoas interessadas em atuar na moda a partir dessas perspectivas e que compartilhem valores semelhantes aos seus – contatos virtuais ajudam muito a iniciar essa tarefa. De parcerias para novos projetos até fornecedoras, contar com uma comunidade engajada vai reforçar seu posicionamento e ajudar a manter a coerência em todas as ações do seu negócio.

E aí, vamos juntas?

CORA é uma consultoria formada por Laura Madalosso e Raquel Chamis e tem como objetivo auxiliar pessoas e empresas em jornadas de transição para modelos mais éticos e sustentáveis. Tem “casa” em Porto Alegre, mas vai a todos os lugares – agora de forma online. Para conhecer mais do nosso trabalho, visite nossa página no Medium (onde contamos algumas jornadas de transformação construídas junto a clientes) e nosso perfil no Instagram. Para se aprofundar, recomendamos a leitura do relatório para pequenos negócios de moda, que construímos durante a pandemia, a partir de reuniões com diversos negócios da nossa rede.

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